Uma das preocupações do produtor rural é a sanidade de sua lavoura. No fim do ciclo da soja essa atenção precisa ser redobrada, pois podem resultar em perdas significativas na produção se não houver um manejo adequado.

 

O QUE SÃO AS CHAMADAS DFC’s?

As doenças de fim de ciclo, ou simplesmente DFC’s, são comuns no final do ciclo da cultura da soja. Por isso é importante fazer a diagnose correta e o uso estratégico e adequado de defensivos agrícolas para o controle dessas doenças. Uma assistência técnica adequada pode auxiliar nessas ações visando garantir a eficiência do controle e o monitoramento das doenças.

 

COMO OCORRE AS DOENÇAS?

A dependência das condições climáticas para a ocorrência de qual quer doença e em qualquer área agrícola é tradicionalmente explicado com a Figura 1. Hospedeiro, patógeno e ambiente são representados por cada lado de um triângulo, onde a ocorrência de doença depende da combinação simultânea destes três fatores. Um exemplo disto é a falta de condições meteorológicas ideais para o desenvolvimento da ferrugem asiática da soja. O patógeno está presente na área de cultivo, bem como os hospedeiros, mas sem condições adequadas, a interação planta x patógeno não resultará em doença.

Figura 1: Fatores responsáveis pelo desenvolvimento da doença

Fonte: Fundação MS

SOBRE AS DOENÇAS DE FIM DE CICLO MAIS COMUNS

É importante sabermos quais são as principais doenças de fim de ciclo e como identificá-las porque é através do monitoramento que poderemos tomar as melhores decisões para cada situação. Vejamos um pouco sobre cada uma delas:

1- Marcha púrpura (Cercospora kikuchii)

O fungo ataca todas as partes da planta. Nas folhas, os sintomas são caracterizados por pontuações escuras, castanho-avermelhadas, com bordas difusas, as quais coalescem e formam grandes manchas escuras que resultam em severo crestamento e desfolha prematura. Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho- avermelhadas. Através da vagem, o fungo atinge a semente e causa a mancha púrpura no tegumento. Nas hastes, o fungo causa manchas vermelhas, geralmente superficiais, limitadas ao córtex. Quando a infecção ocorre nos nós, o fungo pode penetrar na haste e causar necrose de coloração avermelhada na medula.

Como se desenvolve na lavoura: O fungo está disseminado por todas as regiões produtoras de soja do País, porém, é mais severo nas regiões mais quentes e chuvosas. É o fungo mais frequentemente encontrado em lotes de semente, porém o mesmo não afeta a germinação. O fungo pode ser introduzido na lavoura por meio de semente infectada se não for tratada com fungicida, porém o mesmo sobrevive nos restos culturais. A doença é favorecida por temperaturas entre 23 °C e 27 °C e alta umidade.

Sintomas de Mancha púrpura em folhas e sementes
Fonte: EMBRAPA

Controle: deve ser feito utilizando semente livre do patógeno, tratamento de semente e aplicações na parte aérea, utilizando fungicidas.

2- Mancha-parda (Septoria glycines)

Os primeiros sintomas aparecem cerca de duas semanas após a emergência, como pequenas pontuações ou manchas de contornos angulares, castanho-avermelhadas, nas folhas unifolioladas. Em situações favoráveis, a doença pode atingir os primeiros trifólios e causar severa desfolha. Nas folhas, surgem pontuações pardas, menores que 1 mm de diâmetro, as quais evoluem e formam manchas com halos amarelados e centro de contorno angular, de coloração castanha em ambas as faces, medindo até 4 mm de diâmetro. Em infecções severas, causa desfolha e maturação precoce.

Como se desenvolve na lavoura: O fungo sobrevive em restos de cultura. A infecção e o desenvolvimento da doença são favorecidos por condições quentes e úmidas. A dispersão dos esporos ocorre pela ação da água e do vento. O fungo necessita de um período mínimo de molhamento de 6 horas e temperaturas entre 15 ° C e 30 ° C para desenvolver sintomas, com um ótimo de 25 °C.

Mancha parda nas folhas
Fonte: Embrapa

Controle: Em razão da sobrevivência do fungo nos restos culturais, o controle mais eficiente é obtido pela rotação de culturas, acompanhado da melhoria das condições físico-químicas do solo, com ênfase na adubação potássica. Em anos chuvosos, o controle pode ser feito com aplicação de fungicida.

3 – Ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi)

Podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Os primeiros sintomas são caracterizados por minúsculos pontos (no máximo 1 mm de diâmetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, de coloração esverdeada a cinza-esverdeada, com correspondente protuberância (urédia), na página inferior da folha. As urédias adquirem cor castanho–clara a castanho-escura, abrem-se em um minúsculo poro, expelindo os esporos hialinos que se acumulam ao redor dos poros e são carregados pelo vento.

Como se desenvolve na lavoura: O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessárias no mínimo seis horas, com um máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar.

Temperaturas entre 18 ° C e 26,5 ° C são favoráveis para a infecção. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, consequentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (grão verde). A ferrugem americana (P. meibomiae) é reconhecida como de pouco impacto sobre o rendimento; P. pachyrhizi é mais agressivo e pode causar perdas significativas.

Ferrugem
Fonte: EMBRAPA

Controle: O controle químico com fungicidas formulados em mistura de diferentes grupos químicos tem-se mostrado eficiente. O fungicida deve ser aplicado preventivamente ou nos primeiros sintomas da doença. Deve-se realizar a semeadura no início da época recomendada, utilizar preferencialmente cultivares precoces e cumprir o vazio sanitário [eliminando plantas voluntárias de soja (guaxa ou tiguera) na entressafra], para diminuir o inóculo na safra seguinte; evitar a semeadura em safrinha. Cultivares resistentes estão disponíveis para algumas regiões do Brasil, no entanto, não dispensam a utilização de fungicidas, uma vez que populações virulentas podem ser selecionadas em decorrência da variabilidade do patógeno.

4 – Antracnose (Colletotrichum truncatum)

Pode causar morte de plântulas e manchas negras nas nervuras das folhas, hastes e vagens. Pode haver queda total das vagens ou deterioração das sementes quando há atraso na colheita. As vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas; nas vagens em granação, as lesões iniciam-se por estrias de anasarca e evoluem para manchas negras. As partes infectadas geralmente apresentam várias pontuações negras que são as frutificações do fungo (acérvulos).

Como se desenvolve na lavoura: A antracnose é uma doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e ocorre com maior frequência na região dos Cerrados, por causa da elevada precipitação e das altas temperaturas. Em anos chuvosos, pode causar perda total da produção, mas, com maior frequência, causa redução do número de vagens, induzindo a planta à retenção foliar e à haste verde. Uso de sementes infectadas e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, também contribuem para maior ocorrência da doença. Sementes oriundas de lavouras que sofreram atraso de colheita, por causa de chuvas, podem apresentar índices mais elevados de infecção.

vagem e folhas com antracnose
Fonte: Embrapa

Controle:  Recomenda-se o uso de semente sadia, tratamento de semente, rotação de culturas, espaçamento entre fileiras e estande que permitam bom arejamento da lavoura e manejo adequado do solo, principalmente com relação à adubação potássica.

4 – Oídio (Microsphaera diffusa)

Microsphaera diffusa é um parasita obrigatório que se desenvolve em toda a parte aérea da planta. Apresenta uma fina cobertura esbranquiçada, constituída de micélio e esporos pulverulentos. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do fungo muda para castanho-acinzentada e, em condições de infecção severa, pode causar seca e queda prematura das folhas.

Como se desenvolve na lavoura: A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, porém, é mais comum por ocasião do início da floração. Condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (18 ° C a 24 ° C) são favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

Fonte: Embrapa

Controle: O método mais eficiente de controle é o uso de cultivares resistentes. O controle químico pode ser utilizado por meio da aplicação de fungicidas.

5- Mancha olho de rã (Cercospora sojina)

A doença pode ocorrer em qualquer estádio da planta, mas é mais comum a partir do florescimento. Atinge folha, haste, vagem e semente, iniciando como pequenos pontos de encharcamento (anasarca), que evoluem para manchas com centros
castanho-claro na página superior da folha, e cinza, na inferior, e bordos castanho-avermelhados, em ambas as páginas.

Em haste e vagem, as lesões têm aspecto de encharcamento na fase inicial, evoluindo para manchas circulares, castanho-escuras, na vagem, e manchas elípticas ou alongadas com centro cinza e bordos castanho-avermelhados, na haste. Na semente, causa rachaduras e manchas de coloração parda a cinza.

Como se desenvolve na lavoura: O fungo é disseminado por meio da semente infectada e dos esporos levados pelo vento e sobrevive em restos de cultura. A doença é favorecida por condições de altas umidade e temperatura. O patógeno possui a capacidade de desenvolver novas raças. A ocorrência em lavouras é esporádica podendo ser encontrada em áreas cultivadas com materiais introduzidos que não possuem resistência a esse patógeno.

Fonte: Embrapa

Controle: O uso de cultivares resistentes e o tratamento de semente com fungicidas benzimidazóis em mistura com fungicidas de contato, de forma sistemática, são fundamentais para o controle da doença e para evitar a introdução do fungo ou de uma nova raça.

COMO EVITAR ESSAS DOENÇAS

Por ser um complexo de doenças, as doenças de fim de ciclo são difíceis de combater e gera transtorno ao produtor rural pois serão necessárias aplicações de defensivos agrícolas. Se diagnosticados com antecedência as perdas podem ser reduzidas através de um cuidadoso manejo desde a semeadura. Por isso é indicado realizar um controle preventivo para que seja evitado ao máximo as incidências na cultura.

As principais recomendações adequadas para combater a presença dessas doenças na lavoura durante todo o ciclo da cultura são:

– Monitoramento constante da lavoura;
– Rotação de culturas;
– Manutenção de cobertura de palha no solo;
– Adubação equilibrada;
– Sementes sadias e tratadas;
– Escolha de variedades resistentes;
– Controle químico;
– Gestão Agrícola.

SOLUÇÃO E AUXÍLIO TÉCNICO

As doenças de fim de ciclo devem ser combatidas de forma preventiva e com um bom planejamento. A Agriseiva conta com um time de profissionais especializados e altamente eficiente. Através de estratégias e medidas preventivas, nossos consultores acompanham todo o desenvolvimento da propriedade, levando rentabilidade e produtividade com sustentabilidade e construindo um solo fértil de maneira responsável.

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Fontes: EMBRAPA, AEGRO, MAIS SOJA, REVISTA CULTIVAR, FUNDAÇÃO MS.

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